בס’ד

Uma das perguntas mais recorrentes nos novos adeptos ao judaísmo, que gera certa revolta, principalmente aos que tentam comprovar ascendência Judaica.

A primeira pergunta a ser respondida é: “Quem é Judeu?” a resposta é “Todo filho de mãe Judia e todo convertido ao judaísmo de acordo com a Halachá.”

A segunda que consequentemente vem em seguida é: “Desde quando começou a ser assim?” e a resposta é: “Desde sempre!” Não teve invenção Derabanan, como muitos apicuristas afirmam, não foi por calamidades, não foi pra proteger a mulher, foi simplesmente desde sempre! Como gosto de um desafio, segue as provas cabais, desde Tanach a Torah:

A primeira prova trarei datada da reconstrução do Segundo Beit Hamikdash, por Esra Hasofer, observem o texto:

Então Sequenias, filho de Jeiel, dos filhos de Elão, tomou a palavra e disse a Esdras: Nós pecamos contra o nosso Deus, tomando por mulheres as estrangeiras pertencentes ao povo desta terra. Entretanto, resta ainda uma esperança para Israel.
Façamos, agora, uma aliança com nosso Deus: proponhamo-nos a mandar de volta todas essas mulheres e seus filhos, de conformidade com o teu conselho e o daqueles que têm respeito pelos mandamentos de nosso Deus. E que seja feito segundo manda a lei.
Esra 10:2,3

O primeiro ponto é, desde o período da Grande Assembléia os filhos de mães estrangeiras e pais Judeus não eram considerados Judeus, por isso foram mandados embora.

Em Divrê Hayamim, Crônicas encontramos sempre a descendência dos Reis, mas Algo chama atenção nos casos de Reis perversos, os Sofrim (Escribas) acharam por bem deixar registrado a maternidade de um Rei quando seu predecessor era perverso. Veja o caso de Acaz:

Tinha Acaz vinte anos de idade, quando começou a reinar, e dezesseis anos reinou em Jerusalém; e não fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi, seu pai.
Antes andou nos caminhos dos reis de Israel, e, além disso, fez imagens fundidas a Baalins.
Também queimou incenso no vale do filho de Hinom, e queimou a seus filhos no fogo, conforme as abominações dos gentios que o Senhor tinha expulsado de diante dos filhos de Israel.
2 Crônicas 28:1-3

Havia uma preocupação muito grande que o próximo rei fosse Hebreu/Judeu portanto apesar do Pai ser um Rei de Israel, a mãe também (obrigatoriamente) deveria ser Judia, se não o fosse, invalidaria o reinado e mesmo um Rei perverso como Acaz, teve como genitora de sua prole uma esposa Judia, observem :

Tinha Ezequias vinte e cinco anos de idade, quando começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abia, filha de Zacarias.
E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme a tudo quanto fizera Davi, seu pai.
2 Crônicas 29:1,2

Observe nos casos de Reis justos, como Ezequias, é desnecessário a ligação materna, porque é evidente que ele casaria com uma esposa Judia:

E dormiu Ezequias com seus pais, e o sepultaram no mais alto dos sepulcros dos filhos de Davi; e todo o Judá e os habitantes de Jerusalém lhe fizeram honras na sua morte; e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar.
2 Crônicas 32:33-33

Observem a ausência da mãe neste caso.

Vamos mais atrás? Torá! é aí que o bicho pega!

Estes são os estatutos que lhes proporás.
Se comprares um servo hebreu [ou hebréia], seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, de graça.
Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era homem casado, sua mulher sairá com ele.
Se seu senhor lhe houver dado uma mulher [cananéia] e ela lhe houver dado filhos ou filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho.
Êxodo 21:1-4

Mesmo segundo Torá as mulheres tem papel decisivo na manutenção do “status” de Judeu. Já que todo Judeu tinha a liberdade garantida no Yovel, assim como sua esposa [Judia] e filhos [judeus filhos de mãe judia].

Antes mesmo da promulgação da Torá no Har Sinai, já era de sabida importância o papel matrilinear, como podemos constatar no caso de Avraham e Sara, onde o filho de uma egípcia não teve sobre si o papel de detentor da primogenitura e logo após vemos Rivkah solicitando a seu filho Yaakov para buscar mulher em sua parentela, para manter o “status” tribal, da família de Avraham.

Antes mesmo deste caso, vemos a caracterização desta regra em um texto, talvez mais fraco em uma visão comprovativa, mas que não poderíamos deixar de citar, para comprovar o que dissemos no início “desde sempre”:

E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente
Gênesis 3:15-15

De fato, toda a Tanach é permeada por genealogias Patriarcais, somente por um motivo, o estabelecimento da herança de Eretz Israel. Mas como vimos, nem mesmo o filho de um escravo ou de um Rei de Israel, caso não tenha uma mãe Judia, não recebe sobre si o “status” de Judeu. Não saindo livre no Yovel ou menos ainda podendo reinar sobre Israel.

 

Rav Y. Lopes